O sucesso da Copa do Mundo Feminina é inegável, mas será que o nosso futebol feminino está pronto?

Imagem: reprodução/instagram @selecaofemininadefutebol – CBF/ Thais Magalha˜es

Talvez você não saiba, mas o projeto “Esportes Dela” nasceu em 2019 logo após a Copa do Mundo na França. Na época, eu ainda colaborava com conteúdos para um grande canal de tv e pude acompanhar de perto os desdobramentos do evento não só como mídia, mas principalmente, como modalidade.

De lá pra cá vi mudanças significativas acontecerem de perto e inclusive, tive a honra de participar ativamente de algumas delas. Chegamos em 2023 com muito mais clareza, propósito, estrutura, investimento e audiência. Não é uma “modinha” passageira, como cravavam alguns. Estamos falando em um importante movimento social que deixa claro o quanto o futebol é realmente um recorte da sociedade – para o lado bom e ruim.

Já são 6 dias de Copa do Mundo e uma lista de feitos que ficaram marcados na história da modalidade. Se em 2019 o argumento era “mas ninguém se interessa por futebol feminino”, em 2023 as argumentos e questionamentos são outros, relacionados principalmente a investimentos, gestão, estrutura… o caminho ainda é longo e a atenção constante, já que ainda é possível cair em comparações rasas entre o futebol feminino e masculino.

Aliás, não só comparações. Por vezes vejo no futebol feminino muitas condutas e vícios herdados do futebol masculino, e a única explicação que consigo considerar é que a “cartolagem” acaba sendo a mesma para os dois. Quem toma decisões para o masculino são as mesmas pessoas que também estão à frente do feminino – principalmente quando falamos em Brasil. E nesse sentido, é sempre bom lembrar que ainda vivemos em um país machista, preconceituoso e repleto de retrocessos, então é natural que a modalidade por aqui não evolui da mesma maneira que nos EUA ou Europa, por exemplo.

Ainda vemos a gigante Marta sem um grande patrocinador, ainda temos ondas de haters em transmissões, ameaças a locutoras mulheres, casos de assédio e abusos. Ainda ouvimos comparações entre Marta e Neymar, ainda se debate visibilidade, retorno, investimento, ainda falamos sobre o básico…

A busca pela primeira estrela da Seleção Feminina de Futebol não começou em 2023. O futebol feminino no Brasil é persistência e resistência, não só da Seleção, mas de todo o ecossistema – incluindo a base.

Em 6 dias de Copa do Mundo a gente se emociona, mas também não deixa de questionar se tudo isso que estamos vendo ainda não é pouco perto do que o futebol feminino pode oferecer.

Em 6 dias de Copa do Mundo….

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