Voltar para o surfe foi uma das melhores coisas que eu fiz este ano.

Antes da pandemia estava ensaindo voltar para o bodyboard – o que não aconteceu. Desde então, acabei refletindo muito sobre o meu afastamento do esporte. Acredito que um dos principais motivos foi a dificuldade em encontrar além de cia, um lugar onde eu pudesse ter aulas e aperfeiçoar a técnica.

Percebi também que eu até o curtia o bodyboard, mas que essa “volta” quase nunca encaixava. Ficou claro para mim que, pegar onda de bodyboard aos 14 anos fosse muito mais legal do que aos 30 e tantos. Eu amava surfar, mas talvez o surfe não fosse para mim.

Foi através do instagram de uma conhecida (Chris Volpi, obrigada por isso!) que conheci o BlueMed Bellas, escolinha de surfe longboard para mulheres, e logo de cara adorei a proposta, além da facilidade da sede ser em Santos, litoral sul e muito mais próximo a cidade de São Paulo.

Agendei a primeira aula na cara e coragem. Era domingo quando desci para Santos fazer uma aula experimental. A conexão com aquele coletivo foi real e muito especial, não só por serem mulheres, mas pela troca, pelo apoio, pela receptividade. A alma da escolinha é a Isa Panza, idealizadora do projeto, educadora física e surfista de longboard. Pelo menos para mim, ter uma mulher como ponto de apoio no esporte é fundamental para dar continuidade a prática, e principalmente, segurança.

Foi uma experiência e tanto. Não só por já ter pego minhas primeiras ondinhas na primeira aula, mas principalmente, por ter me reconectado com o surfe, esporte que até então eu achava que talvez não fosse para mim.

Mulheres não foram acostumadas a pensar que o esporte também é para elas, então o pensamento “será que é para mim?” acaba sendo além de comum, o primeiro fator que afasta meninas e mulheres da prática. Foi na aula 1 com a Isa que eu entendi que o surfe de pranchão também era para mim e que não precisava entrar em mar grande para “ser surfe” ou me divertir.

Foi mágico.

Foi também uma virada de chave. Escolhi o surfe para ressignificar minha relação com o esporte, tão abalada pós-pandemia. Escolhi uma mulher para ser minha mentora e guia, algo não muito comum no surfe. Escolhi dividir essa jornada com outras mulheres, de idades e corpos tão distintos, mas incrivelmente inspiradoras. O surfe feminino vive.

Se no início deste ano me falassem que eu me tornaria uma surfista, eu não acreditaria. Quando paro para pensar que eu espero a semana toda para poder descer para a praia pegar onda, abro um sorriso largo. O surfe foi o caminho que escolhi para me reencontrar, de corpo e alma, com o esporte, e olha… tem sido uma incrível jornada.

Agora eu entendo ainda mais o Pedro Scooby: a vida é – mesmo – irada! Vamos curtir – e surfar! Boas ondas! =)

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