Quantas vezes já vimos nas novelas aquela clássica cena do marido saindo à noite pro futebol emendando a cervejada com os amigos…e a esposa sozinha em casa aguardando ele voltar.

Não há como negar a visível diferença do esporte, ou qualquer outra atividade física, da motivação e do tempo que homens e mulheres se dedicam a isso. Segundo uma pesquisa do Ministério da Saúde em 2021, 31,2% das mulheres praticam pelo menos 150 minutos de atividade física por semana e 43,1% dos homens.

Primeiro que, enquanto a maioria dos meninos são estimulados a competir, lutar, correr, se aventurar por aí, a maioria das meninas precisam se comportar! As que não se comportam são julgadas: “Nossa! Ela parece um moleque!”. Na adolescência, enfatizam a importância de cuidar da nossa aparência e do nosso comportamento, como se vaidade e esporte não pudessem caminhar juntos. Com a autoestima lá embaixo, algumas meninas param de praticar e outras passam a praticar puramente pela aparência.

E assim, ao longo da vida, as mulheres vão sendo afastadas pouco a pouco do prazer de realizar uma atividade física.

Já mudamos muita coisa, grandes atletas estão inspirando e empoderando as meninas a praticar esportes, mas ainda assim estamos longe de alcançar a frequência masculina. 

Aprendemos a cuidar dos outros, mas quem cuida da gente? Quantas mulheres deixam de se exercitar pois precisam trabalhar, cuidar dos filhos, limpar a casa…Homens em geral não deixam de ir ao futebol porque não lavaram as roupas naquele dia. A desigualdade de gênero nas tarefas domésticas e no cuidado da família também é outro fator que atrapalha muito! 

Por muitos anos eu e minha irmã crianças fizemos aulas de ginástica com minha mãe e avó, já que não tínhamos com quem ficar. Foi dessa forma que aprendi que UMA LEVA A OUTRA. 

Uma mulher que conseguiu sair de casa e levou a amiga para se cuidar. Uma mulher que foi caminhar na rua e chamou uma companhia para se sentir mais segura. Uma mulher que conheceu um grupo de mulheres surfistas e chamou a vizinha pra testar. Uma mulher que trouxe a mãe para aula de dança. Uma mulher que postou o treino feito e disse para outras mulheres que elas também conseguem!

E assim conhecemos outras mulheres com histórias parecidas, que compartilham suas dificuldades e vitórias, uma rede de apoio na qual uma leva a outra, que leva mais uma, que leva outra…e ocupamos um espaço que nunca deveríamos ter saído, o espaço do lazer, do esporte, da diversão e do aprendizado de que nosso corpo é forte e capaz, independente da nossa aparência.

O sorriso pós-treino é a maior.

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