Nem todo mundo do esporte fala abertamente sobre conviver com lesão, talvez por não querer mostrar para os outros seus pontos fracos, ou talvez por não querer assumir para si o peso dar dor.

Conviver com lesão é um eterno buscar por alívio ou cura. Nem sempre por meio de remédios, mas quase sempre por resistência e fortalecimento corporal. A corrida para mim sempre foi um treino de complemento, nunca um esporte que me estimulou a levar adiante por conta da dor.

Eu gosto de correr, mas não gosto de comprometer meu corpo pela corrida. Há quem ame e que jure amor eterno pelo esporte, acho um máximo, mas sei que não é para mim. A corrida me lembra da lesão, se não na dor, no mental. Será que eu aguento mais 1km? Mais 500m? O “aguentar” é o gatilho para a ansiedade, que é o gatilho para a frustração, nem sempre eu aguento, a dor vem antes.

Esse processo me ajudou muito a entender também onde eu seria feliz na corrida. Onde eu queria chegar e que estratégias eu usaria para alcançar este lugar. Se a lesão está ali e vamos seguir juntas por um tempo ou até mesmo pela vida, onde seremos felizes?

A minha relação com o esporte sempre foi por mim. Subir no lugar mais alto do pódio é muito legal, mas a minha piração é praticar esportes, assim, no plural. Não é ser foda em um único esporte, mas praticar muito bem vários esportes. Talvez por isso tenha encontrado no termo “80 porcentista” o meu abrigo.

Quando a Puma me convidou para participar da Venus Run, corrida exclusiva para mulheres, eu estava em processo de retomada aos treinos. Uma corrida, mesmo que de 5km, não estava nos meus planos.

“Claro que você dá conta de 5km”, era como se o Rica, meu antigo preparador físico tivesse entrado na minha cabeça. Aceitar o convite foi um processo mental. Lembrei das dores, da retomada dos treinos, lembrei também da primeira prova de corrida que participei 4 anos atrás e também fiz 5km, sem dor e feliz da vida.

No último domingo, aconteceu a Vênus Run, aconteceu também mais um recomeço. Parafraseando Pedro Scooby: Mano, a vida é irada. Vamos curtir! E foi exatamente isso que eu fiz. Eu curti. Domingo eu ganhei muito mais que um recomeço, eu corri sem sentir a dor da lesão. Eu não me preocupei com o tempo, nem em competir com quem tava do meu lado, eu me diverti e foi legal demais cruzar a linha de chegada.

imagem: reprodução/arquivo pessoal.

Não sei se nasce aqui um caso de amor com a corrida, mas um recomeço mais feliz, leve e divertido com certeza. Obrigada por esse recomeço, Puma! Foi um prazer correr essa prova com o Run XX.

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