Não me lembro ao certo como cheguei até o @ da Sarith (@sarith.anischa), mas o “seguir” foi quase que imediato. Uma técnica mulher no basketball, convenhamos, não é muito comum. Não demorou muito para criarmos conexão e trocar figurinhas sobre o basquete feminino.
Sarith vem de uma família que respira basquete. O pai começou a jogar basquete por que o irmão era técnico, conheceu a mãe dela no… basquete. Os irmãos e a irmã jogam basquete profissionalmente. Como o fruto não cai muito longe do pé, não demorou para que Sarith entrasse nesse mundo, começou a jogar aos 10 anos, não chegou a ser federada, até por que na época, não tinha tanta peneira ou campeonato. De lá pra cá, algumas coisas mudaram no basquete feminino e ela é parte dessa mudança, se tornou técnica.
Em um universo tão masculino, Sarith conquistou espaço e chegou a treinar um time masculino, o Perfil. Era a única mulher em quadra. Em um dos jogos do campeonato aconteceu uma briga generalizada, levando Sarith a repensar se era na quadra que ela queria estar.
Apesar da pausa por conta do trauma, Sarith voltou para o basquete quando os irmãos iniciaram a carreira profissional. Foi em 2016 que iniciou um projeto em parceria com o time de Pirituba, que durou 3 anos e meio, finalizado por conta da Pandemia.
Nesse projeto mais 80 crianças e adolescentes de diversas idades foram contemplados. Muito mais do que se preparar para uma competição, o projeto tinha o objetivo de transformar a vida de quem passava por lá, ensinando fundamentos que poderiam ser utilizados além das 4 linhas. Sendo esse, um dos principais objetivos da carreira de Sarith.
Com o fim do projeto em Pirituba, em setembro de 2020 Sarith criou o Basquete em Casa, onde dá aulas de basquete para todas as idades na quadra particular que fica na casa de sua mãe. Aquela garotinha que começou a jogar basquete aos 10 anos, provavelmente não imaginaria que pudesse completar 25 anos dentro do esporte.
Mais do que completar tantos anos dentro do esporte, Sarith é uma grande incentivadora das mulheres na modalidade, tanto que após a reabertura parcial das atividades em 2021, nos encontramos para eu experimentar uma aula do Basquete em casa, e vou te dizer: foi demais! Não só por poder praticar o esporte sem vergonha de errar a cesta ou não bater na bola direito, mas por movimentar o corpo.
Sarith é muito mais que uma técnica, usa o esporte como ferramenta social que é. Levanta bandeiras, debate equidade de gênero, inclui e acolhe meninos e meninas no esporte. Um dos novos projetos de Sarith é o Lugar de mulher é na Quadra (@lugardemulherenaquadra), perfil que fala sobre empoderamento feminino no basquete.
A minha grande alegria em trabalhar com esporte feminino, é poder apresentar mulheres como a Sarith e contar, mesmo que brevemente, sua história. Mesmo trabalhando há 6 anos com esporte feminino, gosto de fazer o que chamo de exercício de representatividade: olhar para o lado e encontrar mais mulheres. Mesmo que AINDA seja desigual, o coração fica mais quentinho quando encontro a Sarith na quadra de basquete. Ou eventos da NBA Brasil, como aconteceu no último domingo.
O meu mais sincero desejo é encontrar mais mulheres dentro e fora das quatro linhas. Que a Sarith seja só a primeira personagem dessa história.