O esporte salva. Salva crianças de situações de vulnerabilidade, salva a alegria do povo, salva a esperança de uma nação. E salva uma mãe de uma espécie de puerpério prolongado, se posso, por licença poética, assim dizer.
A primeira vez que joguei vôlei foi lá pelos 8 anos. Perdi as contas. A paixão vem de tanto tempo que é como se tivesse nascido comigo. Aquele tipo que você gama tanto, que acha que é a única coisa que quer para a vida. E, por muito tempo, era só isso mesmo que eu queria. Achava até que seria profissional.
Eu não tinha altura, peso ou oportunidades muito próximas de me tornar profissional. Então, quando a faculdade chegou, o vôlei partiu. Não do coração. E eu segui assistindo os jogos pela TV, nas quadras e adorando meu ídolo absoluto, Giba.
Em 2017, conheci uma outra forma de amor. Mais arrebatadora e que me roubou todo o espaço do coração. A ela, dei o nome de Maria Luisa. Uma bebê linda, carequinha, de olhos verdes e não planejada. Malu trouxe sentimentos fortes, inclusive uma tristeza desconhecida e uma sensação de não pertencer mais a mim mesma. Fiquei completamente perdida.
Em novembro, minha Maria faz 3 anos. O ano de 2020 trouxe crescimento da minha menina, do meu lado profissional e uma pandemia bizarra que paralisou a todos. E como num paradoxo complexo de entender, essa mesma pandemia me trouxe movimento.
Numa necessidade de me reconectar comigo, busquei no vôlei as raízes que me tornam forte para me desenterrar das paralisias que me enfraqueciam. Pela falta de tempo pra mim, pela falta de um hobbie, de algo que me fizesse genuinamente feliz, mais de 3 anos depois (contando com os 9 meses de gravidez), o vôlei me ressuscitou.
Toda pessoa deveria ter uma válvula de escape. Algo que te tire das obrigações diárias e te inunde de serotonina da cabeça aos pés. Todo e qualquer estresse que me consome, se dissipa no meu exercício diário. E finalmente, depois de tanto tempo, me sinto eu novamente. O esporte salva.
Bianca Ferreira é carioca, jornalista e mãe da Maria Luisa.