Foi em 2018, naquela polêmica final do US Open, que mergulhei na história de Naomi Osaka. Quem era a jovem atleta que bateu Serena Willians e ainda ganhou seu primeiro Grande Slam?

Acompanhar Naomi, desde então, foi uma grata surpresa, não só pelo seu jogo agressivo no tênis, mas principalmente por sua postura como atleta fora das quadras. Não `a toa, foi protagonista nessa última, e vitoriosa, participação no US Open.

Filha de mãe japonesa e pai haitiano, Naomi levou para o seu jogo, muito mais que técnica ou precisão, jogou luz nas sombras, trouxe para o torneio voz e manifestou, de maneira simples, mas muito potente, sobre injustiças sociais.

Com ou sem patrocinadores torcendo o nariz, Osaka, segundo a Forbes, é a atleta mais bem paga do mundo atualmente. Se seu jogo vale muito, sua voz é ainda mais forte quando o assunto é justiça racial.

“Na verdade, tenho sete (máscaras), e é muito triste que sete máscaras não sejam suficientes para a quantidade de nomes. Espero chegar até a final para que você possa ver todos eles”, disse ela após vencer sua primeira partida no US OPEN.

Forte defensora do movimento Black Lives Matter, Naomi viu no US Open oportunidade para homenagear as vítimas da violência policial nos EUA. Em cada uma das sete partidas, as máscaras utilizadas no trajeto até a quadra, trazia nomes de Breonna Taylor, Elijah McClain, Ahmaud Arbery, Trayvon Martin, George Floyd, Philando Castile e Tamir Rice.

reprodução/twitter

O título veio, e a comemoraç˜ão dessa vez foi diferente. Alguns minutos em silêncio, deitada na quadra. O protesto – ou total presença, interprete como quiser, chamou atenç˜ao, mas a repercussão maior veio na reposta ao repórter da ESPN, Tom Rinaldi. Perguntada sobre a decisão de usar suas roupas para chamar atenção para violência racial, a resposta foi t˜ao precisa quanto Naomi nas quadras:

“Bem, qual foi a mensagem que você recebeu seria a pergunta. Sinto que o objetivo é fazer as pessoas começarem a falar.”

Robert Deutsch/USA TODAY Sports

Muito mais do que vencer grandes competições, acumular fortunas e criar uma imagem intocável, atletas de alto rendimento deveriam se envolver verdadeiramente com causas que podem mudar o rumo da história.

Se antes, atletas ocupavam lugares intocáveis, com o avanço das redes sociais surgiu a oportunidade de “performar” de uma maneira diferente, trazendo para o esporte o papel social que lhe cabe: ser agente transformador.

Naomi faz parte de uma nova geração de atletas que temos a oportunidade de admirar não só pelo esporte, mas por fazer diferença fora das quadras.

Vamos em frente, o próximo Grand Slam, Roland Garros em Paris, começa nas próximas semanas.

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