Leia ouvindo: Dorothy – Missile

Foi em 2015, durante um treinamento para o departamento comercial que tive o primeiro contato com uma redação voltada ao jornalismo esportivo. Sempre que conto essa história destaco o quanto me senti à vontade, justamente por ser o avesso da moda – mercado que eu ainda trabalhava, mas já ensaiava a saída.

Apesar do ambiente ser bem masculino (ainda!), o mar de camisetas, calça jeans e tênis, foi acalento para os meus olhos. Eu queria trabalhar exatamente assim todo santo dia. Básica, sem precisar de uma bolsa de grife a tira colo para mostrar poder. Cabelo escovado, unhas bem feitas, postura sempre impecável. “O cliente repara”. O cliente deveria reparar na minha competência em negociar com ele, em tratar a empresa dele com seriedade e conseguir sempre a melhor oportunidade. Mas não é bem assim, existe um status quo que precisa ser seguido e se você está pro game, não tem escolha.

2016 foi o ano que oficialmente comecei a escrever sobre esporte, foi também o ano que me desliguei da moda. Essa foi a segunda melhor escolha que fiz na vida, a terceira foi ter me mudado para São Paulo, capital, logo em 2017. Depois de tantas desculpas que dei, não dava par negar o que alguns amigos sempre me disseram, “São Paulo é a sua cara, Ju”. Era era só a “cara” era a alma todinha.

E foi a partir daí que o esporte deixou de ser uma pequena parte da minha vida e se tornou um propósito, bem desafiador diga-se de passagem.

Fotografia: Juliana Manzato

“Foi para São Paulo fazer o que?”, “Deve ter saído com alguém para conseguir aquilo ali.”, “Qual é o seu sobrenome mesmo?”…

Escolher trabalhar com conteúdo esportivo foi desafiador, não pelo conteúdo em si, já que desde que me conheço por gente prático e acompanho os mais diversos esportes – o que facilita bastante, mas não é o suficiente. O tempo todo você precisa provar que você sabe do que está falando, que estudou para aquilo, que abraçou aquele projeto porque você tem competência para tanto.

Ser mulher, em qualquer ambiente, é desafiador, no esportivo, é muito mais.

Como sempre acho que desafio pouco é bobagem, não só decidi escrever sobre esporte, como fiz questão de abraçar o protagonismo feminino nesse meio. Se contar histórias através da escrita é uma das coisas que mais me dá prazer na vida, contar historias de mulheres no esporte é o ápice. Desde então, me dedico na construção de narrativas femininas no cotidiano e no esporte.

Como o esporte imita a vida, nada melhor do que trazer para o dia a dia lições de mulheres que mudaram a vida e toda perspectiva praticando alguma modalidade esportiva.

O pontapé de hoje é o começo de um caminho no cotidianodela.com.br, mas logo, logo, vai chegar um novo espaço e endereço. Dizem que amor multiplica nos filhos, acredito que com projetos cheios de propósito aconteça o mesmo.

Não é sobre mulheres no esporte, é sobre mulheres mudando de vida nos mais diversos esporteS.

No esporte e na vida, a perfeição não está na barriga chapada que te vendem como “saudável”. A perfeição está em saber que você e o seu corpo podem fazer esportes incríveis juntos e além de tudo, melhorar  consideravelmente sua saúde física e mental.

Esporte, meus amigos, escolham o esporte. Sempre. No meu caso, arrisco dizer, para sempre.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

You May Also Like
Leia mais

PRECISAMOS FALAR SOBRE MULHERES; PRECISAMOS FALAR SOBRE FUTEBOL

Uma mulher tomar as proporções que Marta tomou, principalmente no futebol, feriu a sensível masculinidade de milhares de homens. Saímos do armário, queridos. Estouramos a bolha, amores. Marta é a maior, com ou sem aquele apelido imbecil de "pipoqueira" que esses mesmos homens criaram. O que incomoda não é o futebol, é a postura. É a causa. É uma mulher ser ouvida. E mais do que isso, é uma mulher fazer barulho e acordar tantas outras - jogando futebol.