Leia ouvindo: Aretha Franklin – Respect

Sendo amante ou não de esportes, você provavelmente já deve ter ouvido falar sobre Serena Willians, uma das maiores tenistas da atualidade.

Serena está no meu hall de mulheres inspiradoras. Tem voz ativa, atitude e causas. Não à toa, chegou onde chegou. Serena se tornou mãe recentemente e jogou luz naquelas sombras que envolvem uma atleta de alta performance e maternidade.

Serena diz verdades, faz relatos, expõe situações que outras mães fariam questão de esconder, inclusive aquelas que envolvem sua – tão brilhante – carreira. Sua retomada às quadras não está sendo fácil, tanto que fez questão de expor o machismo enraizado na sociedade, e principalmente, no esporte. Sua volta às quadras foi marcada por críticas, por estar abaixo da média e fora de forma. É cruel ver o que a imprensa esportiva faz com Serena, principalmente em tempos de empoderamento feminino.

Serena mais uma vez foi alvo, agora em Roland Garros, o torneio francês que faz parte do Grand Slam do tênis. O motivo? O uniforme. Um macacão criado pela Nike, marca patrocinadora de Serena.

Imagem: reprodução

O macacão, intitulado de “Traje de Wakanda” – que faz referência ao país fictício de “Pantera Negra”, história em quadrinhos da Marvel – incomodou bastante a Federação de tênis da frança. Que além de ter banido o macacão do torneio, gerou novas regras para o próximo ano. Bernard Giudicelli, presidente da Federação Francesa de Tênis, deixou claro que o o torneio terá um “dress code” à partir de 2019.

Em tempo, o macacão foi desenvolvido especialmente para Serena por conta de seus problemas de saúde pós-parto. O uniforme ajuda na circulação sanguínea, prevenindo a formação de coágulos, um risco para saúde de Serena que sofreu embolia no pós parto de sua filha. E mesmo com tal explicação médica o uniforme foi deixado de lado.

Não é o macacão que incomodou, o que incomodou foram as curvas de Serena. Ela, sempre maravilhosa, não poderia ter dado melhor declaração:

“Ele [o macacão] representa todas as mães que andam por aí, que depois de serem mães voltaram e tentaram continuar a ser ferozes. É isso que este macacão representa”

Mas a resposta de Serena veio no gigante US OPEN, torneio americano de tênis que também faz parte do Grand Slam. Que tal um uniforme com o aclamado tutu? Sim, o tutu do ballet. Foi essa a proposta criada por Virgil Abloh, para os uniformes de Serena durante o torneio.

Em uma sociedade tão limitada e cheia de padrões, a escolha de Serena vem como protesto. É muito maior do que moda, é uma mulher real que quer ser livre para escolher e usar a roupa que quiser.

Imagem: reprodução

Serena já deu diversas declarações dizendo o quanto quer inspirar outras mães e mulheres, o macacão foi o motivo que precisava para a Nike amplificar sua voz.

“Você pode tirar o uniforme de sua super-heroína, mas você nunca poderá tirar dela seus super poderes”.

A Nike ainda lançou uma campanha emocionante com Serena para comemoração dos 30 anos do slogan “Just Do it”. Vale a pena assistir e se inspirar!

https://youtu.be/Dsn7lgFN4oE

E nessa história toda de esporte, corpo e moda, vemos o quão importante é o papel de Serena na sociedade. O esporte não é só a competição ou coleção de títulos. É empoderamento e transformação. É protesto!

Até quando ser mulher será fator limitante? Até quando teremos que provar que nossos “super poderes” vão além das roupas que usamos ou corpo que temos?  Até quando nossas escolhas serão contestadas? Até quando teremos que lutar por direitos de igualdade? Até quando a maternidade terá esse peso? Onde mulheres precisam provar mais uma vez, que filhos não atrapalham o andamento da vida ou carreira, pelo contrário, a maternidade só acrescenta qualidades de gerenciamento ao “currículo” de uma mulher.

Serena, obrigada por tanto!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

You May Also Like
Leia mais

AGOSTO DOURADO: AMAMENTAÇÃO NO ESPORTE

No mês de agosto a amamentação ganha mais destaque na área da saúde: Agosto Dourado é o mês de incentivo ao aleitamento materno. Com um tema de tamanha importância como esse, o Esportes Dela conversou com a nutricionista, Dra. Carolina Dammy, nutricionista Clínica e Esportiva e com a ginecologista, Dra. Sílvia Gomyde Casseb, ginecologista do esporte e obstetra. Ambas profissionais, atendem na clínica Careclub Ibirapuera.
Leia mais

SOBRE RECOMEÇOS

Os recomeços doem. O seu corpo não é mais o mesmo. Entender o processo e amadurecer a corrida é difícil - mesmo que o corpo tenha memória. Não é só retomar o ritmo, é, também, não pegar pesado com você mesma.
Leia mais

ETARISMO NO ESPORTE

Eliud Kipchoge, detentor do recorde mundial em maratona, diz que “nenhum ser humano é limitado”. Eu acredito nisso. E ainda, que a idade de ninguém define o que ela é ou não capaz de fazer, não acredite em quem diz que “já passou da idade”. Você não é limitada, ainda mais por sua idade!